O tema central do Encontro SulAmericano de Recursos Humanos (ESARH) 2018 foi Inspirar Pessoas para Potencializar o Coletivo. Tema instigante nos traz grandes questionamentos: quais são as pessoas (líderes) que nos inspiram atualmente, quem é nossa referência, quem dita os rumos? Como potencializar o coletivo vivendo em um mundo cada vez mais voltado para os interesses individuais, pessoas cada vez mais conectadas tecnologicamente e mais distantes pessoalmente?

Para se adaptar, é preciso estar atento à capacidade que temos de nos inspirar e de inspirar os outros, ao mesmo tempo em que precisamos saber dimensionar o impacto que a tecnologia está provocando.

Clóvis de Barros Filho, palestrante, consultor e escritor, palestrou no ESARH, trazendo provocações: “gerir pessoas é das atividades mais desafiantes, afinal, até mesmo a ciência reconhece que tudo que depende do comportamento humano é completamente imprevisível”. Refletindo sobre possíveis caminhos, relata: “Desde a Grécia antiga, a concepção de Harmonia é fundamentada na plena realização individual, voltada para a necessidade do coletivo. Nesse sentido, é preciso reintroduzir o significado do grupo na cadeia de valores que guia a nossa vida cotidiana no mundo do trabalho. Isto implica na maior e mais importante ferramenta, que na verdade não é ferramenta, mas sim o núcleo da convivência, que é a educação. Você me perguntará como será a educação capaz de potencializar o coletivo. Eu responderei que ela é o princípio de toda atividade humana. Quiçá não precisássemos aprender nada, quiçá nascêssemos prontos. Mas, definitivamente não é o caso. Precisamos aprender a conviver e precisamos aprender que juntos e harmônicos somos sempre mais potentes, mais eficientes e mais rentáveis”.

Liderar pelo bem comum

Quando buscamos o bem comum é preciso ter pessoas unidas. E como as lideranças podem unir as pessoas? “Nós estamos carentes de líderes que consigam isso. Nosso último grande exemplo nesse sentido foi Nelson Mandela que, ao acabar com o domínio dos brancos sobre os negros não proclamou a revolta, a opressão, e sim a união, a igualdade. Essa é uma atitude de liderança, potencializar o talento das pessoas pelo bem comum, diminuindo as diferenças. Precisamos urgentemente de mais tolerância, mas qual a competência das lideranças para isso?”. A opinião é do professor, escritor Eugênio Mussak. Destaca ainda a contemporaneidade do tema do ESARH 2018. “É um tema contemporâneo, porque nós estamos em um momento da história do país e do mundo no qual percebemos como as pessoas estão divididas. E essa divisão acaba sendo um pouco irracional, porque não se ouve o outro lado, não queremos saber se o outro lado tem razão ou não. Em princípio a razão está só com você. Isso é sectarismo, expressão que tem origem na palavra “seita”: o que não é de sua seita é errado”, analisa.

Os desafios do engajamento

Não existe uma fórmula mágica para engajar pessoas. As certezas de hoje são menores, as coisas mudam muito rápido com novas tecnologias, surgimento de novos ofícios e profissões, o mercado está extremamente exigente, o consumidor está muito mais informado. “Atualmente, uma empresa não pode ser gerida do modo como era quando as coisas mudavam mais lentamente. Uma vez o concorrente era previsível, estava do outro lado da rua, mas hoje está do outro lado do mundo. A gestão é uma ciência, estamos falando de técnicas, tecnologia, processos, modelos de negócios e, claro, de pessoas. Antigamente, pessoas se engajavam pelo nome da empresa, hoje é pelo projeto que ela oferece, projetos que fazem mais sentido para elas”, ensina o consultor Eugênio Mussak.

O novo Gestor de RH

Houve um tempo em que os profissionais de Recursos Humanos “limitavam-se” em lidar com os setores operacionais de uma empresa ou organização: recrutamento, contratação e demissão. Isso está mudando, e muito. O ambiente corporativo de empresas inteligentes deu ao RH um caráter também estratégico, com ações essenciais para engajar o quadro de funcionários nos valores da empresa, traduzindo talentos em resultados.

“Há três instâncias que tanto o Gestor de RH quanto o Gestor de Pessoas devem prestar a atenção: A primeira, a seleção, o desenvolvimento, a inspiração/motivação. Ao se formar uma equipe é preciso escolher as pessoas certas para os lugares certos, e isso significa estar com pessoas que percebam que existe um objetivo comum. A segunda instância: é preciso competências complementares, não funciona ter na mesma equipe pessoas que fazem a mesma coisa. É preciso uma equipe com objetivo comum fazendo cada um a sua parte, tendo respeito pelas competências do outro. Terceira instância: respeito aos mesmos valores. Não se pode abrir mão da ética ao acreditarmos em um objetivo maior”, observa Mussak.

As inquietações deixadas pelo ESARH 2018 passam pela necessidade de novas ferramentas de RH, uso de tecnologia, Redes Sociais, LinkedIn, sites de emprego, móbile, Cloud Computing. Bem como a transformação da área de Recursos Humanos para uma gestão moderna, que integra equipes, reconhece, respeita as individualidades e constrói bases sólidas para a obtenção de resultados. Assim, concluo com o questionamento trazido pelo palestrante Eduardo Shinyashiki: “o quanto você está comprometido para morrer do que você é hoje e encarar os novos tempos?”.

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